Tove Jansson (1914-2001) foi uma figura muito interessante. A finlandesa era uma artista multifacetada, que ficou famosa pela criação dos Moomins (às vezes “mumins”, em português): trolls similares à hipopótamos que povoaram livros, histórias em quadrinhos e até o mundo da animação japonesa.

É sobre a autora que trata o filme “Tove” , um biopic de 2020 dirigido por Zaida Bergroth. Premiado em seu país de origem – a Finlândia – também foi a indicação do país para representá-lo no Oscar de 2021, apesar de não ter passado na lista principal.

E é com razão que o filme foi reconhecido. Alma Pöysti, que interpreta Tove, tem uma atuação delicada, mas funcional, tendo que representar uma mulher com extrema notoriedade nos países europeus. No geral, fazer um filme biografia (documental ou não) é um trabalho complexo – e se torna ainda mais quando a protagonista é alguém tão prolífica e característica como Tove Jansson.

Tove : Foto Alma Pöysti
Tove : Foto Alma Pöysti Foto publicada em 25 de novembro de 2021|Copyright Outplay Personalidades Alma Pöysti

Também a direção é sutil, mas bela, até por se tratar de um filme gravado em 16mm. O filme não apenas é capitaneado por uma mulher, mas possui uma boa parte das cabeças de equipe também femininas, incluindo a roteirista Eeva Putro – que teve o complexo trabalho de “resumir” uma história tão longa e artística. Eeva também é atriz e aparece brevemente no filme.

O enfoque dado é de uma década da vida da autora, dos anos 40 aos anos 50. Não apenas passamos pelo início de sua carreira artística e a relação complexa com o pai – um escultor renomado – mas também vemos o começo de sua vida amorosa. No caso de Tove, isso é especialmente importante: estudiosos dizem que muitos dos seus personagens nas histórias infantis são na verdade baseados em amores que teve durante a vida, como sua companheira Tuulikki Pietilä, com quem ficou por mais de 40 anos. Apesar de ter uma breve aparição em “Tove”, também conhecemos outros de seus relacionamentos, como o com Atos Wirtanen (um intelectual e político finlandês) e Vivica Bandler (uma dramaturga).

Apesar de cobrir bastante chão, o filme é gentil com o espectador e traz as informações de forma compreensível e emocional, sem ser necessário conhecer qualquer coisa da vida de Jansson. É um filme tão artístico quanto é comercial, neste sentido. Ele também consegue diferenciar as relações de Tove, trazendo mais frieza e pragmatismo em momentos e paixão em outros, mesmo que não extremamente explícito.

Com 1h43, o filme é um bom mergulho no mundo interno rico de Tove Jansson, trazendo mais da artista por trás da arte. Pouco se aprende sobre os Moomins, diretamente, nesta obra – mas muito se aprende sobre uma criadora prolífica e complexa como sua obra.

Fã de memes, gostos muito ecléticos e colecionadora de trivias

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