Relações mofadas, uma experiência sobre tempo, cuidado e aprendizados.

Certa feita, no quarto em que dormíamos começou a aparecer uma manchinha de mofo na parede, não dei atenção, era pequena, não havia razão para se preocupar tanto naquele dia e, afinal, eu estava cansada…

No dia seguinte, ao deitar, olhei  novamente para a parede e notei que a mancha havia se espalhado um pouquinho mais, mas ainda não era motivo para desprender meus cuidados a ela.

Dia a dia, ao deitar, olhava para a parede observando o quanto a mancha crescia, eu esperava pelo sol para aquecer a parede externa e sanar o mofo interno, mas às vezes chovia e o mofo se espalhava ainda mais.

“De repente”, numa noite aparentemente normal, minha amada amora começou a espirrar e a parede mofada desencadeou sua crise de rinite.. foi uma noite, no mínimo, desconfortável, e lá estava eu mergulhada em arrependimento e culpa por não ter limpado a parede antes.

No dia seguinte, lembrei de uma receita caseira cujo vinagre era o principal agente para o extermínio dos fungos (não lembro quem me ensinou isso) e essa lembrança “ me impediu” de pesquisar mais sobre o problema e suas possíveis soluções. Quase 500ml de vinagre, esfregões e os dedos manchados foi tudo o que restou desse dia.

Melhorou o aspecto da parede? Pouco, pouco mesmo, mas houve. Minha amora, pouco exigente e sempre grata, elogiou e agradeceu o feito, mas no fundo eu sabia que não estava 100%, eu sabia que não havia dado o meu melhor.

A chuva e umidade voltaram trazendo consigo o mofo que eu havia retirado de forma muito ineficaz (rs), fui para o bendito GOOGLE pesquisar… vídeos, soluções mágicas, bicarbonato e eu já tava quase uma cientista. De repente, achei um vídeo caseiro em que a mulher me inspirava confiança e decidi seguir suas orientações. 

ÁGUA SANITÁRIA, apenas. Sem esfregar, sem passar escova, sem explodir a casa. Água sanitária e um borrifador, foi o que precisei para limpar a parede (além do tempo e vontade de fazer acontecer). Borrifei, deixei o tempo agir e a mágica se fez. Voltou a ser o que era? Não, mas ficou muito melhor do que a primeira tentativa com vinagre, sem falar que precisei de menos esforço físico para tal intento.

Uma olhadinha nas redes sociais e responder a uma pergunta sobre como estava meu dia, desencadeou uma analogia do mofo na parede com algumas relações que deixamos de cuidar… do quanto a chuva, o frio e o descaso podem contribuir para manchas irreparáveis, por mais que se tente limpar.

Ainda sobraram manchinhas que fazem da parede algo diferente do que um dia ela já foi. Demorei, mas quis tentar fazer diferente. Existem situações que demandam tempo para serem resolvidas e na ausência do cuidado temporal e mútuo, as manchas tomam conta permanentemente do espaço que um dia foi limpo e saudável.

No fim, a parede nunca mais será a mesma. Nem você será.

Se isso é bom ou ruim, só você é capaz de avaliar.

Ariana, unida, filha das águas, Princesa de Abeokuta

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