Nascemos em Stonewall, 1969; não no sentido literal, mas como movimento da sociedade civil, naquele momento ainda não organizado. Surgimos do absurdo e do insustentável, gritamos nas ruas e criamos história. Então, na década de 70, com Harvey Milk, aprendemos que democracia também é pra gente, tomamos gosto por ela e, hoje, essa é a nossa arena.
Em cinco décadas a causa LGBT, ou a sociedade, evoluiu menos do que se esperava no quesito direitos humanos e do cidadão. Aparatos legais para o combate à homofia ainda não são amplamente utilizados e, em alguns lugares, tampouco existem, mas, ainda assim, lentamente avançamos.
Em se tratando de direitos LGBT, acontecimentos recentes tem demonstrado a relevância desse coletivo. Quando, por exemplo, o presidente estadunidense Barack Obama afirmou aos seus compatriotas que “o melhor está por vir e não importa se você é gay ou hetero”, não o fez unicamente para ratificar a base ideológica do seu partido, mas também porque, hoje, 8 milhões de americanos se definem homossexuais* e essa é considerada uma parcela politicamente engajada dos cidadãos, o que significa que conquistar o seu apoio é parte importante para a manutenção da legitimidade representativa naquele país.
Mais objetivamente, assistimos aos estados do Maine, de Maryland e de Washington aprovarem, no dia 7 de novembro, a legalidade do casamento homossexual, o que tem peso em dobro se considerarmos o fato de que isso foi possível pelo voto popular. Ainda nessa data, Wisconsin elegeu Tammy Baldwin, primeira homossexual assumida no cargo de senadora dos Estados Unidos. Essas vitórias são pequenos passos, mas, simbolicamente, dão força à crença de uma democracia com isonomia de direitos.
Reconhecer a importância de cada um desses avanços históricos, olhar pra eles com respeito e utilizar a voz que o modelo político sob o qual vivemos nos dá, é o que mantém viva a nossa luta, o que fará com que sejamos compreendidos e que tenhamos, enfim, os mesmos direitos de qualquer outro cidadão.
* fonte: Instituto Gallup
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