Pela 1ª fez na África, Johanesburgo sedia final do Mister Gay

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Johanesburgo sedia neste domingo a final do concurso Mister Gay, que ocorre pela primeira vez na África, um continente onde a homossexualidade é considerada crime em mais de 30 países. O concurso, que começou na África do Sul em 4 de abril e se encerra neste domingo, reúne delegações de 25 países e, pela primeira na história, conta com a participação de dois participantes negros africanos.

Até o momento, só a África do Sul, que conta com a legislação mais avançada na proteção dos direitos da comunidade gay, tinha feito parte do evento, e nas quatro edições com representantes brancos. “É um fato histórico que o concurso se celebre na África, e tenhamos dois representantes negros”, afirmou neste domingo Coennie Kukkuk, representante do Mister Gay África do Sul e organizador do evento.

A Namíbia e Etiópia apresentam os dois únicos participantes africanos do certame, depois que o representante do Zimbábue, Taurai Zhanje, se viu obrigado a abandonar pelas ameaças do governo de Robert Mugabe a sua família. O etíope Robel Hailu, que reside na África do Sul, foi ameaçado quando sua candidatura foi divulgada por uma rádio de Adis Abeba, e foi deserdado por sua família, informou nesta semana o jornal sul-africano Sowetan.

A África é um dos continentes mais intolerantes com a homossexualidade, que está proibida em 30 países e punida com prisão em muitos deles. “Estamos falando de homens valentes, como o representante da Etiópia, que decidiu permanecer no concurso para demonstrar que apesar o que diz seu Governo, também há gays nesse país”, explicou o organizador do evento.

Coennie Kukkuk acrescentou que não só os participantes africanos estão submetidos a perseguições em seus países, e destacou igualmente a coragem dos participantes da Europa do leste e do Oriente Médio. “Isto não é um concurso de beleza, é uma iniciativa para chamar a atenção da sociedade sobre os direitos dos gays, lésbicas e transexuais, e esse é precisamente o objetivo do evento na África”, acrescentou Kukkuk.

Apesar das chamadas internacionais das Nações Unidas e do Reino Unido, que ameaçou retirar sua ajuda humanitária a aqueles países que não respeitem os direitos dos gays e lésbicas, nenhuma nação africana parece haver reagido. O governo da Tanzânia, onde a homossexualidade é um delito que acarreta penas de até 30 anos de prisão, respondeu que estava disposto a perder a ajuda do Reino Unido porque não quer perder sua “dignidade e moralidade”.

No ano passado, a Nigéria aprovou uma lei que condena com 14 anos de prisão os casais homossexuais, e Uganda se dispôs a endurecer as leis com a inclusão da pena de morte em alguns casps, mas voltou atrás após as duras críticas dos grupos de direitos humanos e vários líderes internacionais.

A exceção do continente é a África do Sul, que possui uma das legislações mais avançadas nesta matéria. No entanto, os crimes e ataques contra gays são frequentes na África do Sul, especialmente nos bairros pobres das grandes cidades e em zonas rurais, como denunciou o ano passado a organização pró direitos humanos Human Rights Watch.

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Fonte: noticias.terra.com.br

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