Padre nega comunhão a filha lésbica durante funeral da mãe

A americana Barbara Johson, que teve a comunhão negada por padre durante funeral da mãe (Foto: Reprodução)

A americana Barbara Johnson rezou uma Ave Maria ao lado da mãe, Loetta Johnson, na hora da morte dela, aos 85 anos. Devota católica, a mãe criou os quatro filhos na religião e os fez estudar em colégios católicos.
No funeral, na Igreja St. John Neumann, em Gaithersburg, no estado de Maryland, Barbara era a primeira da fila para receber a comunhão. O que aconteceu em seguida, a deixou chocada. O padre se recusou a dar a ela, que é gay, o sacramento.
“Ele cobriu o ostensório com a mão, olhou para mim e disse ‘Eu não posso lhe dar a comunhão por você vive com uma mulher e isso é um pecado aos olhos da Igreja’”, contou a america à emissora WJLA, afiliada da ABC. O irmão mais velho de Barbara, Larry, disse não ter acreditado na cena que presenciou. “Eu andei com ela ao lado da Igreja para consolá-la porque ela ficou claramente perturbada”, disse.
Segundo o irmão, Barbara, que tem um relacionamento de 19 anos com uma mulher, se recompôs e ainda leu um texto durante a cerimônia da mãe, mas o padre deixou o altar e não retornou até que ela parasse de falar.
Em seguida, o pároco também se recusou a ir até o local do enterro e teve de ser substituído por outro padre contratado pelo diretor da casa funerária. “Foi o pior dia da minha vida”, disse Larry sobre o episódio com a irmã.
Eles agora querem que o padre, o reverendo Marcel Guarnizo, seja substituído na paróquia e também acreditam que ele deve um pedido de desculpas à família. O padre não quis comentar o incidente.
“Isto não é sobre direitos gays e nem sobre os valores católicos, é simplesmente uma questão de conduta repreensível de um padre”, disse Johnson.
Chefe do grupo DignityUSA, de defesa dos direitos gays e lésbicos na Igreja Católica, Marianne Duddy-Burke vê o episódio como parte de um problema maior. “A realidade é que o caso é emblemático de como a hierarquia trata os gays e transgêneros. Há pequenas mensagens de rejeição que acontecem o tempo todo.”
A Arquidiocese de Washington não quis comentar o comportamento do padre, mas divulgou um comunicado em que indica que Guarnizo devia ter lidado com o problema de forma privada.
“Quando surgem questões sobre se é correto ou não dar a comunhão a um indivíduo, não é política da arquidiocese de Washington reprimir a pessoa publicamente”, diz o texto.
A arquidiocese também diz estar lidando com o incidente internamente.
Tanto Barbara quanto Larry receberam cartas da arquidiocese pedindo desculpas por “um momento que devia ter sido de celebração à vida da mãe dos dois (…) ter sido ofuscado pela falta de sensibilidade pastoral”.
Em resposta à Igreja, Larry questiona se o padre tinha o direito de determinar quem recebe a comunhão “sem nenhuma discussão, percepção ou consciência espiritual” da pessoa que se apresenta diante dele.

Fonte: G1

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