O que toda mãe/pai deveria saber antes de oferecer chupeta ao seu filho

Colored baby pacifiers hanging outside in line

Eu, como pessoa, futura mãe e enfermeira, sou particularmente contra o uso de chupeta. Além de todas as comprovações dos malefícios que esse objeto traz para a saúde de uma criança, sou uma prova viva desses malefícios: quando criança, eu não tinha só uma, mas várias chupetas, umas 10 pelo menos! Comecei a fazer uso desse objeto quando nasci e parei aos 4 anos de idade. Eu era completamente viciada, lembro até hoje de como foi difícil abandonar esse (mal) hábito! E, como de praxe, isso teve suas consequências: fui amamentada somente até os 2 meses (segundo minha mãe eu não quis mais pegar o peito, e pesquisas comprovam que uso de chupetas e mamadeiras causam desmame precoce) e sofria de recorrentes infecções de garganta e otites. Eu tinha essas infecções praticamente de 15 em 15 dias, e tive um episódio de otite tão grave que meu ouvido drenou pus e quase fiquei surda! O pediatra passou um sermão na minha mãe, dizendo que eu nunca pararia de ficar doente enquanto ela não tirasse minhas chupetas e mamadeira. Foi um sofrimento intenso durante parte da minha infância, tudo ocasionado por um objeto desnecessário. Por essas e outras não darei chupeta para meu futuro filho e sou assumidamente contra seu uso!

Mas, como evidências científicas nunca são demais no momento de tomar uma decisão que envolva criação de filhos e maternidade, esses dias li um artigo excelente sobre os malefícios da chupeta e achei essencial compartilhá-lo com vocês, mães/pais e futuras mães/pais leitores da minha coluna!

O link original é esse aqui:

http://www.vivavita.com.br/arquivos/artigos/consideracoes_sobre_a_chupeta,_baseadas_em_evidencias..pdf

Farei um “resumão” nesse post, mas recomendo a litura minuciosa do artigo completo, pois o mesmo possui várias imagens explicando detalhadamente cada um dos tópicos desse texto!

A oferta da chupeta se difundiu amplamente na sociedade contemporânea. Trouxe consigo conveniência e comodidade, “simplificando” a tarefa dos adultos em acalmar o bebê. Muitos não sabem ao certo se devem ou não oferecê-la. Desinformação, falta de tempo, busca por facilidades imediatas, desconexão com os próprios instintos da espécie e tantos outros motivos popularizaram o seu uso e fizeram com que formas naturais e gentis de lidar com o choro e as demandas do bebê fossem deixadas de lado. Assim, a necessidade básica de sucção no peito não é plenamente suprida, muito menos as necessidades psico-afetivas do bebê, como um ser humano complexo em formação. O motivo do choro que está sendo silenciado fica sem resposta. A chupeta acaba sendo uma solução mágica e instantânea, que se arrasta pela infância afora e, disfarçada de outras formas, chega até a vida adulta. Por isso, não se iluda! A chupeta não é inocente como parece. Efeitos colaterais advindos do seu uso existem, e aumentam em quantidade e gravidade ao longo do desenvolvimento infantil.

Acompanhe, sob uma perspectiva baseada em evidências, as potenciais consequências relacionadas ao uso da chupeta:

  • Interfere negativamente sobre a amamentação. Estudos mostram que crianças que desmamam precocemente usam chupeta com maior freqüência do que aquelas que são amamentadas por um período maior.
  • Prejudica a correta maturação funcional do sistema estomatognático. Atrapalha na fala, mastigação, deglutição e respiração da criança.
  • Altera a postura e tonicidade dos músculos da boca: o lábio superior fica encurtado, o lábio inferior fica flácido e evertido (virado para fora), ocorre a perda do selamento labial passivo (sem esforço), a pele do queixo pode ficar enrugada (refletindo o esforço do músculo mentalis para auxiliar no vedamento labial), as bochechas ficam hiper/hipotonificadas e caídas (de acordo com a forma que a criança adapta a sucção) e a língua perde a tonicidade, ficando numa posição baixa e retruída dentro da cavidade bucal.
  • Causa deformações esqueléticas na boca e na face: Os ossos da face crescem de forma desarmônica, com alterações e rotações dos planos de crescimento.
  • Provoca maloclusão dentária. Mordidas abertas, mordidas cruzadas, maloclusão de Classe II, overjet acentuado e outras alterações nos dentes são associadas ao uso de bicos artificiais. Crianças com hábitos de sucção não-nutritiva apresentam 12 vezes mais chance de desenvolver problemas oclusais do que crianças sem hábito.
  • Não existem no mercado bicos anatomicamente comparáveis ao bico do peito: em relação ao mamilo, os bicos de borracha apresentam diferenças significativas em sua textura, forma, no trabalho que realizam e nas consequências desse trabalho.
  • A chupeta não é menos nociva do que o dedo: dados epidemiológicos mostram que apenas 10% das crianças chupam o dedo prolongadamente, enquanto 60 a 82% chupam chupeta e 4,1% associam os dois hábitos. Ao contrário do que se costuma acreditar, os danos causados pela sucção prolongada de dedo ou de chupeta são bem semelhantes. A sucção do dedo, contudo, se assemelharia mais ao peito por ser intracorpórea, ter calor, odor e consistência mais parecidos com o do mamilo e pelo fato de ficar praticamente na mesma posição do bico do peito dentro da cavidade bucal (próximo ao ponto de sucção, no fundo da boca).
  • Os bicos ortodônticos prejudicam mais no aspecto funcional do que os convencionais: não existem evidências que comprovem substancialmente a existência de vantagens reais nos bicos anatômicos ou ortodônticos.
  • Representa uma das causas da Síndrome do Respirador Bucal: quando a criança respira pela boca pode ter o seu desenvolvimento comprometido pelas inúmeras consequências que isso acarreta ao organismo como um todo.
  • Cria-se um hábito de difícil remoção: a sucção não-nutritiva não é um sintoma único e isolado, mas, ao contrário, pode ser um entre vários sintomas relacionados a conflitos de instabilidade emocional com raízes em situações anteriores, como, por exemplo, a não satisfação plena da necessidade básica do bebê de mamar no peito. A remoção repentina ou abrupta da chupeta pode gerar efeitos psicológicos complexos e difíceis de mensurar e pode levar à substituição por hábitos de sucção de dedo, lábio, língua, onicofagia (roer unhas) ou outros.
  • Seus efeitos podem ser observados desde cedo: a idéia de que se a chupeta fosse removida até uma certa idade (1, 2, 3 anos, variando entre diferentes autores) não traria prejuízos à criança se propagou advinda de uma prática clínica centrada no dente (visão odontocêntrica), onde era possível observar a autocorreção de alguns tipos de maloclusão como a mordida aberta anterior a partir da descontinuidade do hábito. A evolução do conhecimento, entretanto, vem demonstrando que seus efeitos sobre ossos e músculos (bem como suas repercussões funcionais) são muito difíceis de reverter sem intervenção profissional multidisciplinar.
  • “Chupetar” peito não existe! O termo “chupetar” deveria se referir exclusivamente à chupeta, onde o bebê realiza uma sucção não-nutritiva simplória. Dizer que o bebê está fazendo o peito de chupeta (“chupetando”), quando na verdade ele está mamando constitui um erro semântico; já que mamar constitui um ato complexo que envolve, não apenas extrair o leite, mas também sugar, estar em contato íntimo com a mãe, e sentir todas as sensações orgânicas e psico-afetivas envolvidas, com suas respectivas repercussões. Como poderia o bebê fazer o peito de chupeta se este tipo de artifício não é natural para ele e não lhe proporciona toda essa riqueza de estímulos?
  • A chupeta como prevenção para a Síndrome da Morte Súbita Infantil: nos últimos anos a chupeta tem sido recomendada para reduzir o risco da Síndrome da Morte Súbita no Infantil. Diante desta recomendação, é importante assinalar a existência de muitas evidências, como por exemplo um estudo caso-controle com 333 lactentes com diagnóstico de SMSI e 998 crianças hígidas, o qual apontou que a amamentação reduz o risco de morte súbita em 50% em todas as idades.
  • Considerações sobre a toxicidade e segurança da chupeta: durante o processamento da borracha natural e a criação da sintética, várias substâncias são adicionadas ao látex com o intuito de conferir maior elasticidade. Em contato com a saliva, esses produtos se volatilizam, trazendo riscos à saúde; além da possibilidade de existirem crianças alérgicas ao látex.
  • A chupeta e o refluxo gastro-esofágico: o uso da chupeta foi aventado como método capaz de reduzir o refluxo gastro-esofágico. No entanto, revisão sistemática não encontrou evidência de que ela melhore o tempo total e/ou diminua o número de episódios de refluxo.
  • A necessidade de sucção do bebê deve ser suprida no peito: crianças que nunca mamaram no peito ou que tiveram aleitamento misto antes dos três meses de idade têm aproximadamente sete vezes mais chance de desenvolver hábitos de sucção não-nutritivos do que crianças amamentadas por mais tempo.

Eu sei que muita gente pensa que tenho essas opiniões só porque ainda não sou mãe e que, quando tiver meu filho, mudarei de ideia. Realmente, eu ainda não sou mãe, e acho realmente que a prática é bem mais complicada que a teoria e só quem está nesse momento passando por isso sabe, realmente, como é. Mas acho também que uma etapa importantíssima da maternidade consciente é o planejamento, a reflexão, o estudo sobre o que é bom e o que não é bom, sobre o que é saudável e o que não é saudável! Afinal, de acordo com o meu ponto de vista, ser mãe/pai é assumir uma responsabilidade sem dimensões sobre a vida de outro ser humano. E, sendo assim, é nosso dever como mães/pais garantir aos nossos filhos o que é saudável, já que, enquanto crianças, eles não terão a capacidade de tomar decisões sozinhos e dependerão de nós, seus cuidadores. E faz parte da maternidade/paternidade consciente e responsável tomar as melhores decisões e não se deixar levar por momento de desespero, cansaço, sono, choros e birras! É nosso dever refletir e questionar por nossos filhos e analisar se o que está sendo feito é realmente o melhor! Isso se chama “ser adulto”! Não é porque meus pais me criaram de “x” maneira e eu estou viva que criarei meu filho dessa mesma maneira, por exemplo! Não quero repetir erros, não quero que meu filho “sobreviva”, quero que ele tenha qualidade de vida, quero, com base em estudos, conhecimento e pesquisa, oferecer a ele o melhor, dentro da nossa realidade e das nossas possibilidades!

Enfim, espero que tenham gostado do post e do artigo!

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