Publicado originalmente em 1952, O Caderno Proibido de Alba de Céspedes é um romance que ressoa com força mesmo décadas após sua publicação. A história acompanha Valeria, uma mulher de classe média em Roma, que, ao comprar um caderno às escondidas, começa a escrever nele suas reflexões mais íntimas e inconfessáveis. O diário torna-se um espaço para ela explorar as tensões entre suas obrigações como esposa, mãe e mulher em uma sociedade rigidamente patriarcal.
Valeria é uma protagonista complexa e profundamente humana. No início, sua escrita revela os dilemas diários de quem equilibra demandas familiares e a anulação de seus desejos pessoais. Mas, conforme avança, o diário se transforma em um espelho que reflete suas frustrações, ambições reprimidas e a sensação crescente de isolamento. Alba de Céspedes conduz essa narrativa com uma escrita elegante, capaz de revelar as dinâmicas do universo íntimo de Valeria sem jamais perder o ritmo ou a densidade emocional.
O romance é ao mesmo tempo um retrato de época e uma crítica que transcende seu contexto histórico. As questões levantadas – o peso das expectativas sociais sobre as mulheres, a invisibilidade do trabalho doméstico e o conflito entre identidade e conformismo – permanecem extremamente relevantes. No entanto, algumas passagens podem soar datadas para leitoras contemporâneas, e o ritmo reflexivo pode ser lento para quem busca narrativas mais dinâmicas. Ainda assim, O Caderno Proibido é uma obra potente, que desafia a leitora a confrontar os próprios papéis sociais e os limites que ainda cercam as mulheres.