ublicado em 1929, Um Teto Todo Seu é um ensaio essencial de Virginia Woolf que, mesmo após quase um século, permanece relevante ao explorar as condições materiais e simbólicas que impedem as mulheres de alcançar independência intelectual e criativa. Baseado em palestras que Woolf proferiu em universidades femininas, o texto é construído com a sensibilidade e o tom irônico que caracterizam a autora, ao mesmo tempo em que lança críticas contundentes sobre os papéis de gênero na sociedade patriarcal.
A proposta central de Woolf – a ideia de que uma mulher precisa de dinheiro e de um espaço próprio para poder escrever – é apresentada através de um passeio literário que analisa obras de autoras femininas e questiona o apagamento de suas vozes. Woolf dialoga com figuras históricas e fictícias, desde as irmãs Brontë até a personagem fictícia Judith Shakespeare, a irmã imaginária do famoso dramaturgo, para ilustrar como a falta de recursos e oportunidades minou os potenciais criativos das mulheres ao longo dos séculos.
Ainda que o texto seja visionário, ele não está isento de críticas. Woolf aborda as mulheres a partir de uma perspectiva amplamente eurocêntrica e de classe média, ignorando as interseções de raça, sexualidade e classe que também moldam a experiência feminina. Essa lacuna pode afastar leitoras que busquem reflexões mais abrangentes. Mesmo assim, Um Teto Todo Seu é uma leitura provocativa que permanece indispensável para pensar as condições de criação feminina.