Gênero: Romance, Drama
Desert Hearts (1985), dirigido por Donna Deitch, é um marco do cinema queer, um filme cuja coragem em explorar o amor entre duas mulheres com honestidade e sensibilidade abriu portas para narrativas LGBTI+ nos anos seguintes. Ambientado no deserto de Reno, Nevada, na década de 1950, a história acompanha Vivian Bell (Helen Shaver), uma professora de literatura que viaja para Reno para obter um divórcio rápido. Durante sua estadia, ela encontra Cay Rivvers (Patricia Charbonneau), uma artista espirituosa e independente que desafia suas noções de amor e identidade.
A força de Desert Hearts está na maneira como a relação entre Vivian e Cay é tratada com dignidade e profundidade emocional. Donna Deitch captura o despertar de Vivian com uma delicadeza que evita clichês e melodramas, mostrando, ao invés disso, uma conexão orgânica e íntima que transcende as barreiras impostas pela sociedade conservadora da época. A química entre Helen Shaver e Patricia Charbonneau é palpável e dá ao filme um núcleo emocional autêntico.
Visualmente, o filme é uma obra de arte. As paisagens desérticas oferecem um pano de fundo simbólico para a jornada de autodescoberta de Vivian, enquanto a cinematografia calorosa e as escolhas de iluminação ressaltam a paixão contida e os momentos de ternura entre as protagonistas. A trilha sonora, com clássicos da época, cria um contraste interessante, reforçando o contexto histórico sem prender a narrativa ao passado.
Embora o filme tenha envelhecido bem em muitos aspectos, alguns podem achar que a sua abordagem é, por vezes, lenta, com diálogos que poderiam ser mais dinâmicos. Entretanto, isso pode ser interpretado como uma escolha intencional para refletir a sutileza e o cuidado com que essas histórias eram contadas em uma época em que o cinema raramente abordava a homossexualidade com tanta sensibilidade.