Gênero: Drama, Sátira Social
Beatriz at Dinner é um choque de visões de mundo disfarçado de jantar civilizado. O filme, dirigido por Miguel Arteta e roteirizado por Mike White, apresenta Beatriz (Salma Hayek), uma imigrante mexicana e terapeuta holística que, por conta de um imprevisto mecânico, acaba participando de uma reunião de elite em uma mansão na Califórnia. Enquanto os outros convidados discutem investimentos, viagens de luxo e caça esportiva, Beatriz traz à mesa questões de consciência e moralidade que desestabilizam o equilíbrio superficial do grupo.
Salma Hayek interpreta Beatriz com uma intensidade emocional que transborda em cada gesto e olhar. Ela é a personificação de um mundo ferido pela ganância e pela desconexão, uma voz solitária em um ambiente que a considera um incômodo exótico. Do outro lado da mesa, Doug Strutt (John Lithgow) é o epítome do privilégio e da falta de escrúpulos, uma figura que, aos olhos de Beatriz, personifica as forças destrutivas que ela combate. A tensão entre os dois domina o filme, criando um duelo simbólico que transcende o espaço físico do jantar.
O filme é uma sátira que explora desigualdades econômicas e sociais, mas evita a didática explícita. Ele prefere jogar luz sobre as microagressões e os silêncios eloquentes que permeiam encontros como este. A direção de Arteta é deliberadamente contida, mantendo a câmera focada em expressões e reações que dizem mais do que palavras poderiam. No entanto, essa contenção também é um ponto de crítica. O final do filme, ambíguo e abrupto, pode ser interpretado como uma metáfora para a impotência individual diante de sistemas opressores, mas também deixa a sensação de que algo foi deixado incompleto.
