Pode soar clichê (e é), mas “Sarah é Isso” é um livro que te consome tanto quanto você o consome. No alto de suas 144 páginas, o lançamento da editora Nós – escrito habilmente por Pauline Delabroy-Allard – é uma leitura tão rápida quanto é arrebatadora.
A trama não é complexa, tampouco inédita. Trata o livro de uma história de amor e, talvez mais até do que amor, uma paixão que não conhece fim em sua intensidade. Tudo ocorre de maneira tão rápida que não aprendemos nada sobre a narradora: não temos seu nome, nome de seus familiares, sua aparência. Tudo parece desimportante quando Sarah entra em sua vida e a muda totalmente.
Isso pode até deixar a leitura ansiosa – por vários momentos me peguei abafada pelos sentimentos da protagonista por Sarah, preocupada pela sua filha e pela vida que construiu. Mas esse é um dos artifícios usados por Pauline para se deixar levar por esse arrebatamento – a vida de nossa heroína sem nome fica focada e reduzida apenas à Sarah e a história que viveram.
Mesmo esse relacionamento é construído de forma rápida. Não há diálogo no livro, e a narradora não reconta as conversas que tiveram. Temos apenas ações, momentos trazidos de forma rápida e com poucos parágrafos, frases curtas. Tudo é construído para que, tanto quanto a locutora, foquemos apenas em Sarah e na história de ambas.
Nesse sentido, quem gosta de detalhes e conversas pode não achar o livro tão interessante – pouquíssimo material é dado nesse sentido, quase nenhum contexto alimentado. Não é uma leitura difícil e nem se utiliza de palavras complicadas ou desnecessárias, mas não por isso é menos intensa.
O intenso amor entre ambas é narrado na primeira metade do volume – do meio em diante temos uma “parte 2”, focado na protagonista. Apesar de todo o mistério sobre sua vida e história – e toda a imersão que fizemos em Sarah até então – acabamos conhecendo mais dos sentimentos da heroína nesta segunda metade, que também é um pouco mais vagarosa. Pudera, até então fomos velozmente apresentados a seu cotidiano com Sarah que ao enfocar em outra pessoa parece que o ritmo diminui.
Uma leitura rápida e intensa, “Sarah é Isso” te faz torcer pelo casal – seja para que fiquem juntas, seja para que terminem. Apesar da narradora não ser a pessoa mais relacionável (e o mesmo pode ser dito de Sarah), uma paixão arrebatadora é entendível por uma boa parte do mundo.
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