Em O Mito da Beleza, Naomi Wolf apresenta uma análise robusta das maneiras pelas quais os padrões estéticos femininos são impostos e utilizados como uma ferramenta de controle social. Publicado originalmente nos anos 1990, o livro segue sendo uma referência em discussões feministas sobre corpo, autoestima e poder. Wolf argumenta que, à medida que as mulheres avançaram em direitos e oportunidades no século XX, a ênfase na aparência física intensificou-se como um meio de cercear sua liberdade.
O livro é impactante pela combinação de dados históricos, sociológicos e culturais com uma escrita acessível, mas jamais simplista. Wolf traça paralelos importantes entre a cultura de consumo e o controle dos corpos femininos, examinando temas como cirurgia plástica, distúrbios alimentares e a fetichização da juventude. Uma de suas maiores forças está na maneira como desmascara o mito da beleza como um sistema econômico, um ciclo que lucra com a insegurança feminina.
Por outro lado, o texto não está isento de críticas. Sua análise é centrada em uma perspectiva majoritariamente ocidental, branca e de classe média, o que limita a universalidade das conclusões. Além disso, algumas estatísticas e exemplos datados podem parecer anacrônicos para leitoras contemporâneas. Ainda assim, O Mito da Beleza permanece relevante como ponto de partida para entender os impactos da objetificação na experiência feminina.