M de Monstra, de Lola Lorenz, é uma HQ que desconstrói narrativas tradicionais de autodescoberta e feminilidade, misturando elementos de terror, fantasia e drama psicológico. A protagonista é uma jovem que se vê literalmente transformada em um monstro enquanto tenta lidar com os desafios do amadurecimento, da sexualidade e da pressão para se encaixar em padrões que a sufocam. A obra não só apresenta uma metáfora poderosa sobre identidade e aceitação, mas também cria uma experiência sensorial e emocional única para quem a lê.
O maior trunfo de M de Monstra está na forma como Lorenz usa o corpo da protagonista como um campo de batalha. A transformação monstruosa é gradual e visualmente impactante, com traços que alternam entre o grotesco e o belo, refletindo as emoções internas da personagem. A narrativa, embora centrada em temas universais, é profundamente íntima, explorando sentimentos de inadequação, rejeição e desejo de liberdade. Não há respostas fáceis ou finais apaziguadores – Lorenz nos dá uma história que é tanto uma jornada quanto uma confrontação.
A arte é expressiva e visceral, com um uso ousado de cores que reflete as mudanças de humor e os estados emocionais da protagonista. No entanto, o ritmo pode ser desigual, especialmente em trechos onde a autora mergulha profundamente nas abstrações psicológicas da personagem, o que pode confundir leitoras que preferem uma progressão narrativa mais clara. Além disso, algumas metáforas visuais são repetidas à exaustão, diluindo parte de seu impacto.