Premiada como melhor HQ para jovens, “Laura Dean Vive Terminando Comigo” traz jovens para quem sexualidade e “armário” não são nem uma questão

A capa de “Laura Dean Vive Terminando Comigo” já entrega algumas coisas sobre a obra. Primeiro, que rosa é uma das cores primárias da história em quadrinho; segundo, que Laura Dean vai ter protagonismo; terceiro, que se trata de um romance; quarto, que a obra ganhou um prêmio Eisner.

De todas essas constatações prévias, apenas uma está errada – que Laura Dean terá protagonismo. Apesar de estar na capa, no título e no conflito principal, Laura Dean aparece apenas em momentos breve, sem muitas falas. Isso é simultaneamente bom e ruim: apesar de ela não tratar bem a protagonista (a jovem Freddy), a leitora também pode se perguntar se há alguma motivação interessante por trás da maneira que Laura se relaciona dessa forma.

No quadrinho, Freddy é uma adolescente californiana que tem um relacionamento vai-e-vem com Laura Dean. Apesar dos amigos a apoiarem, ela os vê lentamente se afastarem enquanto se aproxima de Laura – que insiste em flertar com outras meninas, sem compromisso.

Mas, se não sabemos as motivações de Laura e não a conhecemos como pessoa durante a leitura, também não entendemos muito as escolhas e a personalidade de Freddy em momentos, o que pode tornar a relação e as protagonistas superficiais. Este problema, no entanto, não aflige os personagens secundários – todos os amigos (e possíveis interesses amorosos) de Freddy são complexos e impulsionam a leitura adiante, inclusive com momentos surpreendentes. Talvez o trunfo da autora Mariko Tamaki seja este: juntar um forte grupo de amigos adolescentes para entreter suas leitoras de idade similar.

Sobre as outras observações primárias feitas a partir da capa, de fato a cor rosa é ressaltada em todas as artes, feitas por Rosemary Valero-O’Connell. Considerando que se trata de uma HQ para jovens, seus traços arredondados e o uso de uma das cores da moda dos últimos anos casa muito bem com o público-alvo.

Também está certo dizer que temos romance na obra, apesar do final não tradicional neste sentido – e é interessante ver que apesar de se tratar de uma história adolescente, as jovens não têm nenhum questionamento quanto a sua sexualidade, nem tem como tema a saída do armário.

Por último, o prêmio Eisner veio de três maneiras: melhor artista para Valero-O’Connell, melhor roteiro para Tamaki e melhor publicação para adolescentes. Não são as únicas condecorações e recomendações que o livro teve, deixando claro que “Laura Dean Vive Terminando Comigo” é uma leitura fácil para todas as idades – mas principalmente para mais jovens.

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LAURA DEAN VIVE TERMINANDO COMIGO
Mariko Tamaki e Rosemary Valero-O’Connell
Intrínseca
304 páginas

Fã de memes, gostos muito ecléticos e colecionadora de trivias

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