Uma sexta-feira (16/08/2013) fria, mas sem chuva… Convidativa para uma deliciosa ida ao cine. Escolhi a estreia de Flores Raras, que conta a história, baseada em fatos reais, de Elisabeth Bishop, poetisa americana e Lota de Macedo Soares, arquiteta brasileira de extrema autoconfiança. O filme tem a medida certa de sensualidade e é bem interessante para entendermos o comportamento de duas mulheres que se amam nas décadas de 50 e 60. As duas mulheres tinham personalidades bem a frente do tempo em que vivam e, por isso, em determinados momentos as situações parecem mega atuais. No drama também aparece alguma coisa sobre a adoção e a relação de uma menina linda que cresce com uma família bem diferente. Vale muito a pena assistir! É uma deliciosa mistura de amor, encontros, desencontros, poesia, grandes conquistas e algumas perdas. Havia momentos em que eu prendia o ar, esperando o que viria em seguida. Ri e chorei vendo a história delas, como já havia dito antes, vale a pena ver e entender que algumas coisas mudaram, mas outras permanecem do mesmo jeito de décadas atrás.
No mais, o filme é perfeito diante de tantas imperfeições que somente quem realmente vive a vida pode enfrentar, mas o que me deixou pensativa foi a quantidade de pessoas que estavam no cinema… Acredito que não chegava a trinta pessoas. Não, eu não queria um monte de mulherada com cartazes e se agarrando na porta do cinema, mas em uma estreia… Cerca de 30 pessoas? E ai? Cadê todo mundo? Essa exposição e afirmação toda ficam somente reservadas para a internet? Até que ponto nós podemos mostrar livremente quem somos? E mais, até que ponto nós realmente queremos (ou podemos) mostrar quem somos?
A mesma sociedade que não se incomoda com adolescentes de 12 anos (ou menos) fazendo sexo sem orientação, engravidando, se beijando calorosamente (com todos os barulhos peculiares) pelos corredores de shoppings, não aceita que duas mulheres adultas vivam juntas, se amem e que se sintam capazes de ter (ou adotar) e criar uma criança com muito amor e carinho. Será que eu perdi alguma coisa nessa história toda? Que valores são esses? Que mundo é esse? E ainda, vejo artistas se assumindo, declarações de amor de famosos… Mas… Até onde pessoas como nós, “meras mortais” podem levantar a bandeira? Na via inversa a todo esse amor, vemos notícias de violência contra homossexuais, falta de respeito, impunidade. Mais do que uma lei que nos dê o direito de “sermos” iguais, precisamos de conscientização, de punições severas e reais para a violência cometida diante do que é julgado como “diferente”. E quem sabe então, com educação adequada para tratar a todos com igualdade e respeito, nós possamos expressar nosso amor livremente e ir ao cinema sem se preocupar com o que pensarão de duas mulheres saindo de uma sala de cinema que passa um filme lésbico. O que imagino não é uma epifania insensata, com orgias e falta de pudor. O que imagino é um mundo, justo, sem preconceitos e com intelecto suficiente para entender que TODOS são iguais e que amar não é errado.
O mundo e também nós, estamos em constante e incessante transformação. A vida é uma professora determinada e ensina indiscriminadamente a cada um cada lição que deve ser aprendida. Cabe a cada um ter a coragem de olhar para dentro e encontrar dentro de si o equilíbrio e o discernimento para entender que a nossa liberdade termina onde começa a liberdade do outro, que nem sempre concordaremos com ideias alheias, mas que sempre devemos respeita-las, que amar não é pecado e nem vergonha e que tudo pode ser diferente dependendo do posicionamento que tomamos diante das situações. Vamos amar incondicionalmente, viver cada segundo intensamente e disseminar gratuitamente respeito e compaixão.
Termino com uma colocação intrigante, mas que conseguiremos, com muita determinação, mudar!
Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito
Albert Einstein
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