Eu já fui mais carnavalesco. Foi essa a conclusão que cheguei depois dos dias de folia, com o Rio de Janeiro abarrotado de turistas e a com o caos de plus aos moradores.
Lembro que quando era solteiro e ainda morava em Petrópolis, eu fazia verdadeira miséria e loucuras para estar no Rio no carnaval. Saia cedo de Petrópolis, passava o dia na praia, emendava com a Farme de Amoedo, beijava mil bocas e voltava pra casa, cansado, mas feliz. Ainda depois de me mudar para o Rio, já achando essa folia toda meio perrengue demais pro meu gosto, eu me divertia muito e relevava o estresse inerente aos foliões.
Eis que agora, no meu segundo ano acompanhado do namorido, me senti um pouco mais velho e impaciente. Me diverti também, pois isso consigo fazer com uma certa facilidade, mas a muvuca, o encosta-encosta e a dificuldade de locomoção em minha própria cidade meio que me desanimaram um pouco da vida de folião.
Fui a blocos, mas o que antes era divertido deixou de ser legal quando passei a me preocupar mais em não ser furtado no meio daquelas milhares de pessoas do que em me divertir.
A Banda de Ipanema, no sábado de carnaval, estava impraticável. Fomos para a praia, mas resolvemos sair exatamente enquanto a Banda passava, e nem era uma canção de Chico Buarque. Somente para atravessar a Vieira Souto e entrar na Farme de Amoedo foi um caos. Na Farme, resolvemos ficar um pouco vendo o movimento e foi até possível se divertir até o momento em que milhares de pessoas começaram a andar pra lá e pra cá, emburrando umas às outras, acabando com o prazer de se estar ali. Já o retorno para casa, que seria tranquilo, já que são apenas algumas estações de metrô de distância, foi um caos desesperador, com problemas para entrar na estação e pessoas despreparadas para se divertirem sem causarem encrencas.
Minha surpresa ficou por conta do Bloco do Sargento Pimenta e o Clube dos Corações Solitários no Aterro do Flamengo, praticamente no quintal de casa. Confesso que não me empolguei muito quando o namorido me falou sobre um bloco que tocaria Beatles, mas fui na fé e não me arrependi. Apesar de cheio, deu pra se divertir e dançar livremente, cantar a plenos pulmões clássicos da banda de Liverpool, mesmo que fosse impossível comprar qualquer bebida que fosse para hidratar o corpo: os vendedores ambulantes não davam vazão à sede da multidão.
No mais, o que mais gostei do carnaval foram os programas lights com os amigos que, volta e meia, acabavam na minha casa, em conversas e risadas que varavam a madrugada no conforto do meu lar. Além da companhia mais que agradável do namorido e da sensação de que envelhecer deixa a gente mais chato e mais exigente.
O que não é de todo ruim, apenas diferente.
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