“60 Primaveras no Inverno” – Ingrid Chabbert e Aimée de Jongh

60 Primaveras no Inverno, da roteirista Ingrid Chabbert e da ilustradora Aimée de Jongh, é uma HQ que exala delicadeza ao tratar de um tema que, à primeira vista, poderia ser sombrio: o recomeço na maturidade. A história acompanha Josy, uma mulher que, após 42 anos de casamento, decide se divorciar e finalmente explorar quem realmente é. É uma narrativa sobre redescoberta, sobre romper com os papéis que a sociedade e a família impõem, e sobre a coragem de dizer “não” ao conformismo.

O grande trunfo da obra está na maneira como combina texto e imagem para capturar nuances emocionais. O traço expressivo de Aimée de Jongh é o complemento perfeito para o roteiro sensível de Chabbert. A transição de Josy entre a rotina opressora e a liberdade recém-descoberta é representada de forma comovente e cheia de simbolismos visuais, desde o uso do espaço até as cores que mudam conforme a personagem se liberta. É como assistir a um pássaro redescobrir o céu.

Se há algo a criticar, talvez seja a simplicidade da narrativa. O roteiro segue caminhos previsíveis, e algumas personagens secundárias poderiam ter sido melhor exploradas, especialmente aquelas que compõem o núcleo familiar de Josy. Ainda assim, a força emocional da obra compensa qualquer limitação estrutural. Esta é uma HQ que celebra as segundas chances e lembra que nunca é tarde para viver a própria verdade.

“60 Primaveras no Inverno” – Ingrid Chabbert e Aimée de Jongh
O que achamos
60 Primaveras no Inverno é como uma brisa suave: simples, mas revigorante. Ingrid Chabbert e Aimée de Jongh nos lembram que a vida é feita de ciclos, e que cada primavera, mesmo tardia, é uma oportunidade para florescer. Um presente para mulheres que já carregam histórias, mas ainda têm muito a escrever.
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Representação rara e inspiradora da redescoberta na maturidade.
Arte expressiva que intensifica a narrativa emocional.
Abordagem sensível sobre temas como liberdade e identidade.
Mensagem universal e atemporal.
Roteiro que equilibra momentos de melancolia e esperança.
Pontos -
Algumas passagens previsíveis e pouco ousadas.
Ritmo narrativo por vezes acelerado demais.
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